domingo, 27 de fevereiro de 2011

As ruínas- Livro de Scott Smith


"A narrativa tem início em algum ponto de Cancun, onde dois casais norte-americanos passam tranquilamente suas férias. Em meio ao paradisíaco cenário, eles conhecem um jovem alemão, que está preocupado com o irmão que sumiu há alguns dias, após ter partido em uma expedição arqueológica alguns quilômetros dali. Os turistas resolvem acompanhar o sujeito, levando consigo um grego com quem fizeram amizade (ou ao menos, o mais próximo de amizade que se pode fazer com alguém que fala um dialeto impossível de compreender) e, guiados por um mapa, viajam até uma trilha inóspita nas matas mexicanas. Os habitantes do lugar tentam dissuadí-los de sua empreitada, mas eles insistem e acabam chegando às tais ruínas que procuravam, local onde o irmão do ariano supostamente deve estar. Para surpresa de todos, eles são cercados pelos nativos da região, que não os deixam sair do perímetro das ruínas; agora, eles precisam lutar para sobreviver em meio à uma estranha presença que parece rodeá-los, algo que pode estar mais próximo do que eles imaginam.

As Ruínas é a típica história de pessoas normais confrontadas por uma situação limite, presas em uma armadilha que parece ser impossível de escapar. Mesmo sabendo de antemão quem é o "monstro", vale muito a pena ler esse livro, cujo maior diferencial é o clima. Nunca antes li algo tão semelhante a um pesadelo, um longo sonho ruim onde sabemos desde o início que algo terrível vai acontecer, e ficamos com vontade de avisar os personagens para não fazerem aquilo, para voltarem atrás enquanto é tempo... No entanto, nada podemos fazer além de assistir o horrível destino para o qual se encaminham. A desesperança é tão marcante, que pode ser percebida logo nas primeiras linhas, em uma situação que, se narrada de outra forma, pareceria idílica.

Além disso, o autor sabe usar os lugares-comuns do gênero a seu favor: embora os personagens pareçam, de início, absolutamente clichês ("o espertão que manja tudo de sobrevivência", "a patricinha que não quer se aventurar no matagal", o "quieto", etc), aos poucos eles vão revelando facetas imprevisíveis, sutis, escapando de caírem na caricatura. A insuportável tensão que permeia o livro é, principalmente, psicológica. Assolados pelo desespero, sede e fome, os personagens começam a se rebelar entre si, provando mais uma vez que o pior monstro é o interior (eu sei, eu sei, muito profundo isso!).

Mas é claro, além do suspense, é preciso mostrar um pouco de sangue, e isso não falta em As Ruínas: momentos de horror, pavor e nojo aguardam pelos corajosos leitores, que já devem estar ansiosos em conhecer mais uma obra recomendada por este humilde bibliotecário.

Concluindo, As Ruínas é uma experiência intensa, algo que não sairá de suas mentes por algum tempo. E se não acreditam em mim, então acreditem nas palavras do mestre Stephen King, que se referiu ou livro como "um longo e desesperado grito de horror". 

Fonte: Biblioteca mal-assombrada


 O livro foi escrito em 2007 e adaptado para o cinema em 2008. Para aqueles que assistem ao filme, sem antes lerem o livro, podem achar que o filme foi bom, mas para todos os outros que tiveram a oportunidade de ler, com certeza se decepcionaram com o filme. Tá certo, a fotografia, a maquiagem, os atores e principalmente a locação, não foram os problemas a meu ver. Mas depois de ler um livro tão emocionante, daqueles que não se consegue parar de ler, achei o filme corrido demais, já que no livro, o autor consegue a façanha de trazer o fictício para o real. Só quem lê o livro pode entender a fundo o que isso significa. Recomendo mesmo a leitura deste.

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